Tal como já referi anteriormente, tenho um Mestrado em Psicologia, na área do Comportamento Desviante e da Justiça.
É uma área que me cativa desde o primeiro instante e, por assim ser, gostava imenso de continuar a trabalhar no mesmo contexto.
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| .a minha área de trabalho. imagem retirada do site www.cnpcjr.pt |
Em Abril de 2014 fiquei desempregada após quase cinco anos de trabalho árduo, na área da Protecção de Menores. É irónico, uma vez que sempre disse que não queria trabalhar com crianças... Ainda assim, foi com uma tristeza imensa que me despedi dos meus miúdos e dos meus adolescentes complicados.
Desta forma, e como a vida de desempregada não é realmente nada fácil - por todos os motivos e mais alguns - o que eu gostava mesmo, MESMO era de voltar a trabalhar.
E há tanta, mas tanta coisa que precisa de ser feita...
Não é um trabalho fácil. As cabeçadas são muitas. As dificuldades também. Temos, muitas vezes, que ser uma espécie de bombeiros, para apagar os fogos que vão surgindo, já que a quantidade de trabalho é enorme. Ainda assim, basta um caso de sucesso para tudo se tornar recompensador. Vemos de tudo, de tudo mesmo. A nível social, a nível económico, a nível pessoal... Lida-se com coisas que, por vezes, pensamos que não existem tão perto de cada um de nós. Encontram-se óptimas pessoas. E encontram-se pessoas que, simplesmente, não se compreende como conseguem dizer e/ou fazer determinadas coisas. É aí que reside a dificuldade do trabalho. Ter a capacidade de nos abstrairmos de nós e dos nossos princípios e valores, procurar incutir coisas boas nos outros e, em conjunto, procurar soluções para melhorar o dia-a-dia dos miúdos.
Foram muitos aqueles que me passaram pelas mãos. Maioritariamente adolescentes. Adolescentes delinquentes. Adolescentes que não iam às aulas. Adolescentes com consumos de estupefacientes. Adolescentes desacreditados no presente e incapazes de acreditar no futuro. Adolescentes perdidos.
Hoje, olho para eles e consigo sorrir com a memória de cada um bem presente em mim. Porque tenho a certeza, no mais ínfimo de mim, que - de alguma forma - contribui para a vida deles.
É esta saudade e esta ânsia de tanto querer fazer por eles que me faz dizer que, efectivamente, nos próximos 12 meses o que eu realmente quero é voltar a trabalhar.

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